Morre Léo Batista, a voz marcante da televisão brasileira

Se você acompanhou a televisão brasileira nos últimos 50 anos, com certeza já ouviu falar de Léo Batista. A voz inconfundível, o estilo único e a presença constante nos programas esportivos fizeram dele uma referência no jornalismo esportivo do país. Neste domingo, aos 92 anos, o lendário comunicador nos deixou, encerrando um capítulo importante da história da TV brasileira.

Léo Batista, ou João Baptista Bellinaso Neto, nasceu em 1932, em Cordeirópolis, interior de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, começou cedo a brincar com a ideia de se tornar locutor. Usava uma latinha de tomate como microfone e narrava jogos imaginários no quintal de casa. “Eu pegava as escalações e ficava treinando, brincando. Sempre dizia: ‘Um dia eu chego lá’”, relembrou em entrevistas. Esse sonho de menino logo se transformaria em realidade.

O início de uma carreira brilhante

Aos 15 anos, Léo começou a trabalhar no serviço de alto-falante de sua cidade natal. Pouco tempo depois, se mudou para Birigui e conseguiu emprego na Rádio Clube, onde narrou jogos de futebol e chegou a assumir funções administrativas. Sua voz começou a ganhar notoriedade, e não demorou para que ele alcançasse voos maiores.

Em 1952, já no Rio de Janeiro, Léo ingressou na Rádio Globo, um dos maiores polos de comunicação da época. Foi lá que, por sugestão do colega Luiz Mendes, mudou seu nome artístico para Léo Batista, adotando a identidade que o acompanharia pelo resto da vida. “Minha mãe e minha irmã nunca mais me chamaram de outro nome. Para elas, eu sempre fui o Léo”, contou ele ao Memória Globo.

Marco no jornalismo brasileiro

Em 1955, Léo Batista estreou na televisão, na TV Rio. Era um momento em que a TV brasileira ainda engatinhava, e ele, com a mesma curiosidade que o guiou na rádio, aceitou o desafio. Já na década de 1970, ingressou na TV Globo, onde construiu sua carreira mais sólida. Apresentou programas como Esporte Espetacular e Copa Brasil, precursor do Globo Esporte, que estreou em 1978.

Foi no Fantástico que Léo Batista eternizou sua marca. Ao lado da famosa zebrinha, ele anunciava os resultados da loteria esportiva, um quadro que marcou gerações. Mais tarde, com o Gols do Fantástico, mostrou sua habilidade em descrever gols de maneira vibrante, cativando o público com seu jeito singular.

Além do esporte

Embora sua carreira fosse majoritariamente dedicada ao jornalismo esportivo, Léo transitou por outras áreas. Apresentou edições do Jornal Nacional, Jornal Hoje e até desfiles de Carnaval, sempre com a mesma competência e naturalidade. Fora das câmeras, recebeu inúmeras homenagens em vida. Em 2024, foi tema de uma série documental no Globoplay, Léo Batista, a Voz Marcante, que celebrou sua trajetória e influência.

Léo Batista: o homem por trás da voz

Torcedor apaixonado do Botafogo, Léo era conhecido por sua humildade e dedicação. Nunca quis se afastar do trabalho. Participou ativamente do Globo Esporte até pouco antes de sua morte, afirmando que só pararia quando não tivesse mais condições. Para ele, o segredo do sucesso era simples: “Tem que ter gosto, tem que ter dom e tem que ter treino.”

Um legado imortal

Entre tantos momentos históricos, Léo Batista foi o primeiro jornalista a anunciar o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e, anos depois, a morte de Ayrton Senna, em 1994. Esses episódios mostram a responsabilidade que sempre carregou, informando o Brasil em momentos de alegria e tristeza.

Sua morte deixa um vazio imenso, mas também um legado incomparável. Léo Batista não foi apenas um profissional exemplar, mas um ícone que ajudou a construir a história da comunicação brasileira. Sua voz marcante pode ter se silenciado, mas o impacto que teve continuará ecoando por gerações.

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