Ministros de Lula tiram sarro de atos bolsonaristas: “Volume de mort…Ver Mais

Os atos realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no último domingo, 3 de agosto, em defesa da anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF), foram alvo de críticas e ironias nos bastidores do governo Lula.

A avaliação predominante entre ministros é que as manifestações tiveram baixa adesão e impacto limitado — o suficiente para alimentar comentários sarcásticos dentro do Planalto.

 

Um dos principais alvos da zombaria foi justamente o contraste entre o alarde nas redes bolsonaristas e o número de pessoas efetivamente presentes nas ruas.

“Os atos bolsonaristas do domingo chegaram no volume morto. Sem ninguém. Vamos mandar para Washington essas imagens?”, disparou um ministro do governo, sob condição de anonimato, em conversa com uma coluna política de Brasília. A menção aos Estados Unidos não foi gratuita — é uma cutucada direta nas recentes investidas de Bolsonaro em busca de apoio internacional, principalmente entre parlamentares e influenciadores da direita americana.

Na mesma linha, o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, não perdeu a chance de alfinetar os adversários. Em tom provocativo, publicou nas redes sociais: “Quais governadores frequentavam os atos pró-Bolsonaro e hoje esqueceram de comparecer?”. A mensagem visava expor o isolamento político do ex-presidente, que tem enfrentado crescente distanciamento até de antigos aliados.

Já o instituto PoderData estimou 56 mil participantes. Ambos os levantamentos apontam que o comparecimento foi mais de três vezes maior do que o registrado em 29 de junho, quando o Cebrap apontou 12,4 mil pessoas e o PoderData, 16,4 mil.

Ainda assim, para integrantes do governo, os dados não representam uma retomada real de força do bolsonarismo.

Segundo fontes próximas ao presidente Lula, a ausência de Jair Bolsonaro — impedido de participar de manifestações políticas por decisão do Supremo Tribunal Federal — teve peso simbólico na leitura de que o movimento está “perdendo fôlego”. Além disso, a pauta do ato, centrada na anistia a condenados por tentativa de golpe e na tentativa de desestabilizar o STF, é vista como “repelente” por setores moderados da sociedade.

Nos bastidores do PT, a estratégia é clara: evitar confrontos diretos, mas explorar politicamente o desgaste da imagem bolsonarista, sobretudo diante do público mais indeciso. Para o núcleo duro do governo, os protestos ainda mobilizam uma base fiel, porém cada vez mais reduzida e isolada.

Por ora, o Planalto acompanha de longe, mas atento. A ordem é manter o discurso institucional, reforçar o respeito à democracia e, sempre que possível, usar o humor — e os números — para evidenciar que os tempos de multidões pró-Bolsonaro podem ter ficado no passado.

Mesmo assim, ninguém no governo parece disposto a subestimar completamente o potencial da direita radical. A vigilância continua, ainda que com um leve sorriso de canto de boca.

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